sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Orgia Gastronômica




Desde o dia em que me conheço por gente, eu sempre gostei de comer. Nessa época eu tinha apenas alguns gramas e estava sendo formada no útero da minha mãe. Ela sempre ia ao médico e à laboratórios para a realização de exames e para verificar se eu estava bem. Apesar desses cuidados todos, quase me perdeu devido a um cálculo renal. Mas eu, firme e forte, resisti! Ela ficou anêmica e ao consultar seu médico, soube que eu sugava todas as vitaminas e nutrientes que ela ingeria. Eu não tinha nem um quilo, mas queria comer! Parecia um desespero em busca de comida.

Para se ter uma ideia, ela engordou apenas 7 quilos; e eu nasci com quase 4. Até os dias de hoje se orgulha por ter saído da maternidade vestindo sua calça jeans.

Nasci linda, cabeluda, GORDA e chorando, pedindo loucamente por um prato de comida! Sim! Um prato de comida. O leite da minha mãe foi insuficiente. Sequei o leite materno em menos de um mês de vida. Minha refeição teve que ser complementada por leite em pó.

Cresci e comecei a tomar papinha e comer frutinhas. O que seria um motivo de felicidade e alegria, foi motivo de desespero e tortura, principalmente para os meus pais, pois ao minha mãe pegar mais uma colherada de papinha no prato, eu chorava até engasgar, ao perceber que não tinha comida na boca. Foi então que ela resolveu montar uma estratégia: esperava meu pai chegar em casa para revezarem entre colherada e chupeta molhada na papinha. Eu era uma máquina de apenas 7 quilos, recebendo colher e chupeta ininterruptamente.

Com isso eu continuei a crescer, linda e gorda!

Quando somos crianças nos orgulhamos de sermos gordos e cheios de dobras. Ouvimos comentários do tipo: "Nossa que linda! Gordinha e fofinha! Que dobrinhas lindas e que bochechas! Dá vontade de apertar!"

Diferente do que ocorre quando crescemos, e passamos a ser aberrações para o mundo, sofrendo até bullying.

Confesso que neste ponto eu tive sorte. Sempre tive o metabolismo acelerado e sempre me orgulhava por comer 23 pedaços de pizza em um rodízio, e acordar magra no dia seguinte.
Cresci e fui emagrecendo, apesar da comilança diária.

No colégio conheci muitas pessoas, mas me aproximei das que gostavam de comer. Aléssia, uma amiga até os dias de hoje, era uma delas. Enquanto as meninas aguardavam o toque do alarme anunciando o intervalo, para poderem paquerar os meninos mais disputados do colégio, nós corríamos para a cantina, ávidas por comida! Achávamos que éramos gordas na época, apesar de sermos magras. Usávamos moletom amarrado na cintura por cima do uniforme, enquanto as meninas estilizavam seus uniformes.

É óbvio que, devido a tal atitude, nenhum garoto olhava para nós. Ficávamos na rampa de acesso às salas, observando os casais namorando e paquerando no pátio, enquanto devorávamos uma coxinha com meio litro de refrigerante. Queríamos namorar um dos meninos mais bonitos e disputados do colégio, o Thomás, mas a fúria por comida era mais forte do que qualquer outro objetivo.

Tive outra amiga também, a Luciana, magra no início; mas não possuía o mesmo metabolismo que eu. Começou a competir comigo, querendo devorar tudo que encontrava pela frente. Mas não teve a mesma sorte, e começou a engordar descontroladamente.

Durante uma aula chata de química do colégio, tivemos a brilhante ideia em reservar um sábado por mês para passar o dia inteiro na praça de alimentação do shopping. Era o nosso DIA DA COMILANÇA. Este dia consistia em percorrer todos fast foods, sem exceção, no período entre 11 e 18 horas.

Lembro-me que em apenas um dia consegui percorrer 24 fast foods em apenas 7 horas. Tínhamos orgulho das nossas unhas postiças enormes, que tinham só um objetivo: espetar a batata frita, para não usarmos palito.

Apesar de a minha mãe sempre alertar para o fato de que meu metabolismo não ficaria assim para sempre, eu continuava comendo 12 panetones recheados durante o Natal, 20 ovos de chocolate gigantes durante a Páscoa, além de frequentar rodízios de pizza e churrascaria todos os finais de semana.
Super feliz aos 20 anos de idade com todos os ovos de Páscoa que ganhei (devorei todos em menos de 2 semanas). 





Ovo de Páscoa de 10 quilos era um deles. (olha a minha felicidade!)


Porém o período fatídico chegou. Comecei a perceber que, após os 30 anos de idade, o metabolismo não é mais o mesmo, e que, se eu continuasse com os mesmos hábitos alimentares, eu seria o que eu nunca quis: GORDA.

Com o incentivo de minha mãe e de meu marido que abomina mulheres gordas, resolvi mudar os hábitos alimentares em 27 de abril deste ano (data de meu aniversário) e intensificar os exercícios físicos (faço exercícios físicos desde criança, e nunca parei, por gostar de praticá-los).
E este é o real motivo deste blog. Ajudar pessoas que, assim como eu, fazem dietas frustradas, por não perceberem que o segredo é simples: praticar uma alimentação e hábitos saudáveis.
Não sou especialista em dietas, nem sou nutricionista. Mas já experimentei diversas dietas, e acabei descobrindo o óbvio: o segredo da saúde para evitar a obesidade é fazer uma alimentação saudável e praticar exercícios diários.

Mas sei que isso não é tão simples. Quem sabe nos comunicando e trocando dúvidas e experiências, podemos chegar a um meio termo?
Um brinde à vida saudável!


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