Desde o dia em que me
conheço por gente, eu sempre gostei de comer. Nessa época eu tinha apenas alguns
gramas e estava sendo formada no útero da minha mãe. Ela sempre ia ao médico e à laboratórios para a realização de exames e para verificar se eu estava bem.
Apesar desses cuidados todos, quase me perdeu devido a um cálculo renal. Mas eu,
firme e forte, resisti! Ela ficou anêmica e ao consultar seu médico, soube que
eu sugava todas as vitaminas e nutrientes que ela ingeria. Eu não tinha nem um
quilo, mas queria comer! Parecia um desespero em busca de comida.
Para se ter uma ideia, ela
engordou apenas 7 quilos; e eu nasci com quase 4. Até os dias de hoje se
orgulha por ter saído da maternidade vestindo sua calça jeans.
Nasci linda, cabeluda, GORDA
e chorando, pedindo loucamente por um prato de comida! Sim! Um prato de comida.
O leite da minha mãe foi insuficiente. Sequei o leite materno em menos de um
mês de vida. Minha refeição teve que ser complementada por leite em pó.
Cresci e comecei a tomar
papinha e comer frutinhas. O que seria um motivo de felicidade e alegria, foi
motivo de desespero e tortura, principalmente para os meus pais, pois ao minha mãe pegar
mais uma colherada de papinha no prato, eu chorava até engasgar, ao perceber
que não tinha comida na boca. Foi então que ela resolveu montar uma estratégia: esperava meu pai
chegar em casa para revezarem entre colherada e chupeta molhada na papinha. Eu
era uma máquina de apenas 7 quilos, recebendo colher e chupeta ininterruptamente.
Com isso eu continuei a
crescer, linda e gorda!
Quando somos crianças nos
orgulhamos de sermos gordos e cheios de dobras. Ouvimos comentários do tipo: "Nossa que linda! Gordinha e fofinha! Que
dobrinhas lindas e que bochechas! Dá vontade de apertar!"
Diferente do que ocorre quando
crescemos, e passamos a ser aberrações para o mundo, sofrendo até bullying.
Confesso que neste ponto eu
tive sorte. Sempre tive o metabolismo acelerado e sempre me orgulhava por comer
23 pedaços de pizza em um rodízio, e acordar magra no dia seguinte.
Cresci e fui emagrecendo,
apesar da comilança diária.
No colégio conheci muitas
pessoas, mas me aproximei das que gostavam de comer. Aléssia, uma amiga até os
dias de hoje, era uma delas. Enquanto as meninas aguardavam o toque do alarme
anunciando o intervalo, para poderem paquerar os meninos mais disputados do
colégio, nós corríamos para a cantina, ávidas por comida! Achávamos que éramos gordas
na época, apesar de sermos magras. Usávamos moletom amarrado na cintura por cima
do uniforme, enquanto as meninas estilizavam seus uniformes.
É óbvio que, devido a tal
atitude, nenhum garoto olhava para nós. Ficávamos na rampa de acesso às salas,
observando os casais namorando e paquerando no pátio, enquanto devorávamos uma
coxinha com meio litro de refrigerante. Queríamos namorar um dos meninos mais bonitos e disputados do colégio, o Thomás, mas a fúria por comida era mais forte do que qualquer outro objetivo.
Tive outra amiga também, a
Luciana, magra no início; mas não possuía o mesmo metabolismo que eu. Começou
a competir comigo, querendo devorar tudo que encontrava pela frente. Mas não
teve a mesma sorte, e começou a engordar descontroladamente.
Durante uma aula chata de química do colégio, tivemos a brilhante ideia em reservar
um sábado por mês para passar o dia inteiro na praça de alimentação do
shopping. Era o nosso DIA DA COMILANÇA. Este dia consistia em percorrer todos fast foods, sem exceção, no período
entre 11 e 18 horas.
Lembro-me que em apenas um
dia consegui percorrer 24 fast foods
em apenas 7 horas. Tínhamos orgulho das nossas
unhas postiças enormes, que tinham só um objetivo: espetar a batata frita, para
não usarmos palito.
Apesar de a minha mãe sempre
alertar para o fato de que meu metabolismo não ficaria assim para sempre, eu
continuava comendo 12 panetones recheados durante o Natal, 20 ovos de chocolate
gigantes durante a Páscoa, além de frequentar rodízios de pizza e churrascaria
todos os finais de semana.
Super feliz aos 20 anos de idade com todos os ovos de Páscoa que ganhei (devorei todos em menos de 2 semanas).
Ovo de Páscoa de 10 quilos era um deles. (olha a minha felicidade!)
Porém o período fatídico
chegou. Comecei a perceber que, após os 30 anos de idade, o metabolismo não é
mais o mesmo, e que, se eu continuasse com os mesmos hábitos alimentares, eu
seria o que eu nunca quis: GORDA.
Com o incentivo de minha mãe e de meu marido que abomina mulheres gordas, resolvi mudar os hábitos
alimentares em 27 de abril deste ano (data de meu aniversário) e intensificar os exercícios físicos (faço exercícios físicos desde
criança, e nunca parei, por gostar de praticá-los).
E este é o real motivo deste
blog. Ajudar pessoas que, assim como eu, fazem dietas frustradas, por não perceberem
que o segredo é simples: praticar uma alimentação e hábitos saudáveis.
Não sou especialista em
dietas, nem sou nutricionista. Mas já experimentei diversas dietas, e acabei
descobrindo o óbvio: o segredo da saúde para evitar a obesidade é fazer uma alimentação
saudável e praticar exercícios diários.
Mas sei que isso não é tão
simples. Quem sabe nos comunicando e trocando dúvidas e experiências,
podemos chegar a um meio termo?
Um brinde à vida saudável!